domingo, 22 de fevereiro de 2009

Zé do Caixão e LCD - LCD Encontra Zé do Caixão e seu Estranho Mundo Sonoro - São Paulo/ Brasil - 2004 + Marchunhas de Carnaval - Brasil - 1969

LCD-mojica-capa

De longe esse foi dos projetos mais divertidos que já estive envolvido,
nem por isso foi tratado com desleixo e irresponsabilidade.
Quando o Centro Cultural Oficina Oswald de Andrade em São Paulo nos
convidou pela primeira vez para fazer um show junto com José Mojica
e seu famoso personagem Zé, uma grande euforia e senso de responsabilidade
nos invadiu.
Imagine, trabalhar num show em colaboração com o grande criador e cineasta?
Não o víamos como um palhaço da tv porque conhecíamos, e bem sua obra.
Isso ele percebeu logo no nosso primeiro contato e gerou uma ótima
relação de amizade e respeito.
Na época ele nos contou sobre uma vez que ia dar uma entrevista pra
alguma reporter da Rede Globo, e logo que ele entrou no salão onde
aconteceria o fato, ela ao vê-lo fez uma espalhafatosa cena de reverência.
Ele, lógico, ficou super feliz principalmente porque era uma mulher com
aquela atitude, seu Mojica não perdõa uma barra de saia.
Curiosamente ela só o chamava de Zé do Caixão e ele incomodado disse:
Não me chame assim, eu tenho nome.
DERREPEEEENTE (parafraseando o gênio) ele percebe q ela não tem a
menor ideia de qual era de fato seu nome, e pelo papinho, menos
ainda sobre sua obra.
Ele disse: diga o meu nome verdadeiro ou não haverá entrevista!

Não houve entrevista... hahahahaha

Fiz questão de narrar este fato como exemplo do que não queríamos
que Mojica pensasse sobre nosso grupo.
E isso explica também a pesquisa sonora que fizemos para preparar
o repertório do show.
Imaginem, nosso grupo estava ligado as experimentações sonoras
abstratas, trabalhando dentro da improvisação livre e ruidismos.
Não queríamos simplesmente impor essa linguagem, e sabendo que
ele não era músico, nós é que tínhamos que trazer o seu gosto
musical para o trabalho e combinar com o nosso.
Como eu acompanhava muito atento sua carreira, e algumas declarações
dele em entrevistas, juntando infomações trazidas por amigos nossos
que eram próximos à ele: chegamos à boleros, guarânias, musica
de ninar infantis, Roberto Carlos e uma especial adimiração
pelo cantor e compositor Zé Ramalho.
Fizemos um caldo disso tudo e colocamos a nossa personalidade
demente em cima e a coisa funcionou redondinha.

O Homem ficou super satisfeito e só repetia:
"No meu próximo filme, vocês vão fazer a trilha"
Nossa quanta honra! Infelizmente não aconteceu por razões mesquinhas
mas isso não precisa entrar neste texto.

Fizemos nosso show na Oswald de Andrade, ele curtiu demais,
meu amigo Dácio Pinheiro (jovem cineasta e super cinéfilo) registrou
em vídeo nossa apresentação que fragmentos entraram no famoso box
de filmes lançado no Brasil como extra escondido no dvd do filme
"O Despertar da Besta", o favorito do diretor e meu também.


imagens de Dácio Pinheiro

oswald
Na foto da esquerda para a direita: Magda Pucci, o responsável pela
cenografia (não me lembro o nome), Rodrigo Carneiro, Miguel Barella,
Zé, PB, Dácio Pinheiro, Eloi Silvestre, Tânia e a bailarina do Brasilian Gengis
Khan, que também não lembro o nome.


Outra coisa divertidíssima que fizemos foi convidar a Tania que foi
bailarina e cantora oficial da primeira formação do grupo dos anos 70
Brasilian Gengis Khan (era ela que usava um super moicano que era
um puta impacto pra época).
A Tania convidou uma amiga que estava integrando o que seria uma
tentativa de trazer o Gengis Khan de volta.
Pena que não me lembro o nome dela. Além de muito bonita e gente fina
fez uma excelente demonstração free style de uma dança que misturava
dança do ventre com dançarina de boate. O velho foi a loucura! Hahahaha!

Pouco depois rolou um convite do SESC POMPÉIA para apresentar-mos
de novo juntos num festival de música eletrônica.
Abaixo segue uma descrição mais exata do que fizemos na época.

release01

release02

Nessa época possuíamos um quarto integrante que, por coinscidêcia
havia se formado em cinema, o Kiko Araújo.
Foi quando o LCD ganhou uma nova dimenção integrando a linguagem
visual. Kiko improvisava junto com a gente projetando videos
de maneira bastante sensorial utilizando lanternas, objetos e câmeras
de segurança. Nesse show ele não ficou com a gente no palco, mas
foi responsavel pela direção do show além de realizar suas loucuras
visuais mixando trexos de filmes do Mojica com seus experimentos.
Outra coisa que preparamos com o Kiko pra esse show que funcionou
super, foram pequenos videos de abertura dos momentos musicais
do show, pois sabíamos que a participação do Zé seria muito
reduzida pelo avanço de sua idade. Logo colocamos ele o tempo em
video como um mestre de cerimônia.




Os amigos Rodrigo Carneiro e Magda Pucci do grupo Mawaca
"fazendo o acordeon chorar" na versão de Zé Ramalho.



essa foi a sequência de abertura do show com a participação
do Rubens que tentou ser seu sucessor na vida real mas
obviamente não deu certo. Rubens trabalhou como ator
no filme mais recente de Zé de Caixão como um de seus seguidores
assistentes.


05
Diga se de passagem, Miguel Barella, a múmia careca da esquerda
é ninguém menos que Orion Mike do grupo New Wave brasileiro
AGENTSS, e que posteriormente montou o Voluntários da Pátria.
Acreditem, as conexões bizarras são muitas...


04

03
fotos de Kiko Araújo

02

01
Da esquerda para a direita, Eloi Silvestre, Telma, PB, Zé, Miguel Barella,
Tania e Kiko Araújo.


LCD 005
cartaz do evento no sesc pompéia feito pelo amigo Sato.

LCD 016

LCD 014

LCD 015

Foi um espetáculo, como diria a minha mãe!
Um pessoal ligado a rede bandeirantes assistiu e convidaram a gente
com o Mojica para uma entrevista e performance ao vivo no programa
na Band Esporte da Barbara Gância e Silvio Luiz.
Pra nosso desespero, o Mojica só chegou no finalzim do programa
e tivemos que ficar tocando sem ele, o que ficou super sem graça...
Mas nos minutos finais do programa, quando ele chegou todo
esbaforido, exatamente como ele diz na marchinha de carnaval que ele gravou,
fez uma declaração das mais hilárias quando a Barbara
perguntou: "E aí Mojica, o que você acha do grupo LCD e como foi
o show?"
Ele não hesitou e logo lascou:
"O Grupo LCD é excepcional e fizeram um show digno do Frank Sinatra
e dos Beatles!!!!!!!"

Mais tarde, quando na Folha de São Paulo ele chamou o amigo
Dennison Ramalho de a "reencarnação do Salvador Dalí" eu
entendí que ele não fazia isso só com a gente, hahahahaha

Minhas sinceras honras à este grande criador
JOSÉ MOJICA MARINS, que aquí eu chamo de a reencarnação
de Charles Chaplin!!!!!!!!
Sei que isso é o maior elogio que alguém pode fazer à ele!

Tracklist:

01 - Anselmo
02 - Tem que importar filme virgem!
03 - Bolero Sinistro

e aproveitando o clima de carnaval:

04 - Chegou em Cima da Hora
05 - Castelo dos Horrores

Experimente isso aquí!

3 comentários:

roberto disse...

praticamente eu moro nos castelo dos horrores, e n tenho medo de assonbração. o o o o o o o eu sou o zé do caixão. náo adianta ter medo de caveira nem de frankstein, porque, mais cedo ou mais tarde vc, vai abotoar o paletó, e ser caveira també,. que sua lingua se trasforme numa cobra e praticamentew coma todas suas entranhas se vc sair desse blosge. derrepente...

dimitrik disse...

SIMPLESMENTE GENIAL!!
Achei hoje seu blog e já está na minha lista de visitas diárias!
Sempre procurei para baixar esta versão da música de Despertar da Besta que está escondida no DVD.
Achei uma das coisas mais incríveis!
Parabéns pelo trabalho!
Virei fã!
abs
Dimitri Kozma

dimitrik disse...

Olá!

Acabo de ouvir o disco. Maravilhoso trabalho.

Só tenho um comentário. Senti falta da música que era tema do filme "Despertar da Besta" e no DVD do filme é um extra escondido.
No filme e no show é uma moça que canta. Acho que se chamava "Guerra".
Queria muito ter esta música em MP3.
abs

 
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