Christian Marclay é aquele cara que, em Oitenta e poucos transformou
o ato de tocar discos de vinil em arte, utilizando processos de
colagens que vão desde quebrar discos diferentes e colar com parte
de outros, até ligar um monte de picapes e ficar tocando tudo ao mesmo
tempo e arranhando, e tocando de trás pra frente, e fazendo scratch,
e acelerando ou retardando com o dedo... etc... etc
Mais do que isso, o picape na mão dele virou um verdadeiro instrumento de
improvisação, e o mais louco é que só reaproveitando discos já existentes
dos mais variados estilos possíveis.
Seu trabalho é presente nas maiores galerias de arte do mundo e começou
alí na cena Novaiorquina dos anos 80.
A experiência de ouvir esse vinil é muito bacana.
Todo mundo sabe que ouvir um disco de vinil pressupõe-se ouvir
uma boa quantidade de ruídos de arranhões, deformações e estática da
agulha passando pelos sulcos.
Quando você coloca a agulha nesse disco é exatamente o que você ouve.
Só, que alguns segundos passam e música nenhuma acontece.
Você pode pensar: "está começando bem do silêncio", e enquanto isso
os estalos do disco continuam firmes.
Você pensa: "nossa esse disco deve estar bem sujo ou arranhado".
Depois de um minuto você já entendeu que os estalos são na realidade
a própria música e os mesmos começam a se organizar e a se alterar
de forma não natural, até que começam as colagens com outros
discos e aí tudo já começou a fazer sentido baseado no que conhecemos
da obra do cara.
Mas essa utilização de recursos baseada no proprio suporte só funciona
como pegadinha se você ouve diretamente do vinil.
SENSACIONAL!
Este é um relançamento do selo japonês LOCUS SOLUS dessa obra que
foi concebida e originalmente lançada em 1985 neste formato picture.
Detalhe, o disco só tem um lado.
O lado que toca é branco liso.
Nessa época quem falava disso no Brasil, hein?
Pretendo postar todos os outros discos que tenho dele aquí, cedidos pelo
Mestre Yupo que esteve presente em 91 no show cujo folder de divulgação
está aí abaixo.
Marclay se apresentou bastante improvisando ao vivo com músicos de
verdade, sempre mais ligados a linguagem da experimentação e ruidismos.
Abaixo o ingresso do Mestre que guarda até hoje essa incrível recordação.
baixe aqui
Post com a colaboração do Mestre Yupo
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