sábado, 27 de junho de 2009

Karlheinz Stockhausen - Aus den Sieben Tagen - Alemanha - 1969

aus-den

Este disco foi lançado inicialmente num box com 6 outros LPs do mesmo conjunto
de obras.
"KOMMUNION" e "INTENSITÄT" fazem parte dessa série de composições
e performances chamadas "AUS DEN SIEBEN TAGEN" (From The Seven Days)
escritas em maio de 1969 e gravadas em 26 e 31 de agosto do mesmo ano
no Westdeutscher Rundfunk Cologne com 11 músicos (que neste disco só
aparecem 9) tocando diferentes instrumentos.
Trata-se de música intuitiva em seu primeiro momento de pesquisa, quando
até mesmo o mestre Stockhausen confessa estar um tanto cego em seu percurso.
Atualmente, músicos fora do contexto acadêmico costumam fazer experiências
semelhantes chamando isso de "FREE IMPROVISATION" (no Brasil: Improvisação Livre).
Fale sério, você acredita em LIBERDADE?
Quando se diz: "Você é livre para fazer o que quiser", você não acaba fazendo o que
já está em sua "programação"? Você não acaba seguindo suas vontades baseadas no
que forma seu caráter e personalidade?
Então existe uma direção, não há a dita LIBERDADE.
Transportando este raciocínio para a música, faz mais sentido chamar este tipo de
experiência de se lançar na música sem convenções de sentido harmônico ou tonal de
"MUSICA INTUITIVA", ou não?
A tônica da experiência não se baseia no fato do interprete se apoiar em sua
própria intuição?
Bem, também é possível tocar musica tonal se valendo bastante de intuição, é o que
desenvolvo com minha banda Zeroum.
Voltando ao Mestre Stockhausen, de alguma forma que não fica clara nas
informações do disco,
ele escreveu partituras ou apenas escreveu o conceito da obra. Com certeza a partitura
deve ser aquelas cheias de símbolos e desenhos.
O encarte do disco apenas é bastante claro dizendo que a prática foi conduzida,
no caso da primeira música, KOMMUNION", com idéia de que cada participante deveria
estar totalmente em sintonia com os ritmos e batimentos das frequências emitidas pelo
colega na tentativa de se fundir a nível molecular ou atômico.
É até difícil tentar entender isso na nossa lógica.
Imagino que deva fazer mais sentido convivendo e entendo a cabeça do Mestre na época.
O fato foi que as considerações dele à respeito dos resultados foram no mínimo interessantes.
Ele disse que, ao experimentarem se fundir, os resultados ao invés de soaram amigáveis
ou fraternais entre músicos, que as direções foram para os sentimentos mais viscerais e
primitivos, tendendo para uma estética que remete a guerra e a mutilação. Ele até usou a
palavra "Demoníaco".
Já em "INTENSITÄT", ele conta que algumas horas antes do horário marcado para a gravação,
ele saiu e comprou um martelo, lixas, um pedaço de madeira e uns pregos e juntou com uma
buzina de carro, um apito que tinha e foi pro estúdio com aquilo sem dar a menor explicação.
Preparou todos os microfones, posicionou os músicos e começou a "tocar" tudo aquilo.
Ele confessa ter ficado impressionado com a organização do resultado.
O ritmo de suas marteladas e bozinadas regiam a orquestração.
Observe que ele começa lixando um pedaço de madeira e em seguida parte pro martelo.
Resumindo, uma excelente obra que merece ser baixada e bem ouvida.
Não é aconselhada para quem só se liga no estilo Michael Jackson de fazer música.

Tracklist:
01 - KOMMUNION
02 - INTENSITÄT

Músicos:
Johannes G. Fritsch (Viola Alto)
Alfred Alings (Tamtam) em KOMMUNION
Rolf Gehlhaar (Tamtam)
Carlos Roqué Alsina (Piano e Orgão Hammond em KOMMUNION)
Jean-François Jenny-Clark (Contrabaixo Acústico)
Anonym (Trombone)
Michel Portal (Saxofone, Flauta e Piano)
Jean-Pierre Drouet (Percussão)
Karheinz Stockhausen
em KOMMUNION:
(Voz, Ondas Curtas, Vidro e Pedras, Filtros,
Controle de Volume e de Panorama)
em INTENSITÄT:
(Unhas, Martelo, Toco de Madeira, Lixas, 2 Filtros
Controle de Volumes e de Panorama)

baixe aqui

20 comentários:

Bernardo Oliveira disse...

PB, apesar de AMAR o Michael Jackson, eu tb curto muito o Stockhausen. E como bom admirador deste alemão esquisito, devo notar que o cd que vc postou está incompleto. Publique a versão completa de Aus den Sieben Tagen, se tu se acha tão bom assim... http://avaxhome.ws/music/avant_garde/Stock_hausen.html

Ps.: e eu assino embaixo, Bernardo Carvalho Oliveira

Bernardo Oliveira disse...

http://camarilhadosquatro.wordpress.com/

pb disse...

Maravilha, Bernardo.
Você gosta de Michael Jackson e eu não.
O bacana é eu poder dizer isso publicamente, você não acha? Você tem o mesmo direito.
Bem, o que eu postei não é um cd, é um vinil, e só tive oportunidade de ter acesso a esta parte da obra, mas fica fica bem claro no meu texto, certo?
Eu gostaria de ter todo o box de 7 vinis dos 7 dias, mas infelizmente não tenho.
Quem sabe uma hora eu não consigo, não é mesmo?
Agradeço seu comentário sobre o seu post porque será bem vindo à todos os fãs do Mestre e aos curiosos incautos.
Meu objetivo não é publicar obras completas, caro Bernardo, e sim fazer uma boa seleção apenas do que tenho aquí em vinil.
Continue a AMAR Michael Jackson do Pandeiro e a postar coisas bacanas no seu blog também.
abraço!

Bernardo Oliveira disse...

Valeu PB, tamos ai... Mas recomendo que você ouça o Off The Wall, mó discaço...

pb disse...

Mas eu conheco bem esse disco.
Apenas não me diz muita coisa.
Michael Jackson foi das primeiras coisas que tive oportunidade de conhecer na infância, mas a minha cabeça estava interessada demais em Kraftwerk.
São essas coisas da vida que acabam te regendo pro resto da vida.
Grande abraço!

Bernardo Oliveira disse...

"Visto que os corpos humanos são aptos para um grande número de coisas, não há dúvida de que eles podem ser de uma natureza tal que se refiram às almas que têm um grande conhecimento de si mesmas e de Deus e cuja parte maior, por outras palavras, cuja parte principal é eterna e, por conseguinte, que dificilmente temam a morte. Mas, para que estas coisas se compreendam mais claramente, deve notar-se aqui que nós vivemos numa perpétua transformação e, consoante nos mudamos para melhor ou para pior, por esse fato se diz que nós somos felizes ou infelizes. Aquele que, com efeito, de infante passa ao estado de cadáver, diz-se infeliz. Pelo contrário, considera-se como uma felicidade podermos percorrer todos os espaços da vida com uma alma sã num corpo são. E, de fato, aquele que tem um corpo, como um infante, apto para um número muito reduzido de coisas e dependendo do mais alto grau das causas externas, tem uma alma que, considerada só em si mesma, quase não possui nenhuma consciência de si, nem de Deus, nem das coisas. Pelo contrário, aquele que tem um corpo apto para um grande número de coisas, tem uma alma que, considerada só em si mesma, possui grande consciência de si mesma, de Deus e das coisas. Esforcemo-nos, pois, nesta vida sobretudo por que o corpo da primeira infância, quanto o permite a sua natureza e lhe convém, seja mudado num outro que seja apto para um grande número de coisas, e que se refira a uma alma que tenha consciência no mais alto grau de si mesma, de Deus e das coisas; e de tal maneira que tudo aquilo que se refere à sua memória ou à sua imaginação não tenha quase nenhuma importância em relação à sua inteligência…” (ESPINOSA, ÉTICA V, Prop. XXXIX, escólio)

Unknown disse...

É, PB...

Tem certos nomes que são intocáveis na música...
Outro dia "caí na besteira" de falar, numa roda de amigos "trintões" como eu, que acha o "Yoko Ono" do plastic Ono Band melhor que qualquer disco dos Beatles... Pra quê? Falar mal dos beatles, do MJ, do Pink Floyd e de muitos outros é um pecado mortal no meio dos "críticos musicais" e dos "entendidos em música"...

A impressão que dá é que, o fato de vc não gostar do Michael te faz uma pessoa que entende menos de música já que, afinal de contas, o MJ é o MJ , veja só! E pior: vc só não gosta porque não conhece um disco raro como o Off The Wall!! Tá vendo só?

Meu Deus... É por essas e outras que desisti de escrever no meu blog, PB. Tb recebi mensagens assim e ao contrário de vc, não tinha paciência em explicar meu ponto de vista...

Bom sobre o disco não conhecia e achei bem legal! Minha esposa ,que teve de escutar "um pouquinho" na hora de um episódio de "Friends" ,quenão gostou muito não huauhauhauha

Abraço

Bernardo Oliveira disse...

Modo meio "covardão" esse de se dirigir a uma pessoa através da cumplicidade de outra... Fala comigo Rafael, já que é a mim que se dirigem suas palavras! SEJIS ÔMI!!!

E PB, aguardo a publicação completa de Aus den Sieben..., que justificaria de modo mais completo sua ironia meio metida a aristocrata para com o Michael Jackson...

Unknown disse...

Bernardo, com todo o respeito, creio que não lhe devo qualquer satisfação em relação ao seu comentário...
De qualquer forma, acho que escrevi a minha opinião de forma clara. Acho que existe sim, um Aura em torno de certos ícones ( como os exemplos que citei); aura essa que gerou o seu primeiro comentário, que ao meu ver, foi no mínimo "irônico" demais, pra não dizer outra coisa... Seja sincero,BO( viu, citei sue nome!!) falar mal do Michael Jackson é "não entender" de música? E do Bob Dylan? E do, sei la, Jorge Ben?

E fala a verdade: se fosse covardão, como vc sugeriu, no mínimo não assinaria a minha opinião, por exemplo... É ou não é?

Saudações.

Bernardo Oliveira disse...

Rafael, menino: vc entrou numa de advogar seu amigo PB e não entendeu bulhufas... Não sugeri que ele ouvisse Michael Jackson por conta de "aura" nenhuma, caguei pra aura... Eu gosto de música... Em segundo lugar, não me referi em nenhum momento a "entender" ou "nao entender" de música, isso veio por sua conta e risco... Eu só achei meio escrotinha a recomendação boboca do PB quando diz que Stockhausen não é recomendável para quem curte MJ. É sim, à beça!

Unknown disse...

Bernardo, menino: entendi muito bem o que vc escreveu.

E por isso mesmo, paro por aqui, pois sei muito bem onde isso vai parar.

Até.

Bernardo Oliveira disse...

é bom parar mesmo Rafael, pq na verdade em nenhum momento eu me dirigi a você, mas a seu amigo PB...

pb disse...

Rafael, por favor!
Vc tem todo o direito de vir aqui e escrotizar o artista que você quiser, e não haverá bastião defensor da "verdade absoluta" que irá tirar esse seu direito.

Na real, vivemos um momento em que somos escravos da ditadura do "politicamente correto" e é exatamente isso que eu quero com todas as minhas forças mandar tomar no cú!
Acho importante questionar! Principalmente estes que são considerados os pilares da indústria fonográfica.
Sabe-se do lodo fétido e mafioso que é essa merda no mundo inteiro.
MJ era talentoso sim, mas também era super peça da engrenagem dessa bosta emburrecedora e criadora de clones.
Acreditem, eu sei o que estou falando.

Bernardo, você já não postou a obra do Stockhausen completa? Então porque eu deveria fazer o mesmo?
Meu objetivo nesse blog é colocar o que não existe ainda na rede, criar coisas novas tb e priorizar só o que só existe em vinil. Já aconteceu deu colocar coisa direto do cd, ou vinil que eu sabia que existia em cd. Também não sou escravo de minhas próprias regras, afinal faço isso pra me divertir.
De fato eu tinha me esquecido que o próprio Stockhausen lançou toda sua obra em cd.
Mas e daí? Pra mim foi importante até questionar umas questões sobre o meu trabalho.

pb disse...

E digo mais, tenho a versão extended do Off the Wall.
Tem músicas legais, principalmente as demos, mas não mudou minha vida em nada.
Na época que esse disco foi lançado eu estava totalmente centrado no Rock Progressivo, que efeito que MJ poderia ter em mim?

Aprendi a gostar muito de Black Music, mas prefiro a Betty Davis!

e de fato a Yoko é o melhor dos Beatles!

ps. nunca ví o Rafael na vida! Nossa afinidade é apenas pelas idéias deste blog.

armeur H disse...

thank you ! long life to Karl-Heinz's music !

elopes disse...

PB, parabéns por disponibilizar um ótimo material desse não menos incrível genial compositor alemão. Pude conferir o processo de música tonal-intuitiva no show da Zeroum com o Damo Suzuki. Demais, sensacional. Estou lendo um livro muito interessante e que pode interessar a todos que desejam ingressar no peculiar mundo Stockhauseniano. Segue o link. http://livraria.folha.com.br/catalogo/1020267

"É mais interesante encontrar uma maçã na lua do que uma pedra lunar" - Stockhausen

Abraço e continue compartilhando essas maravilhas musicais pro seu blog!

Edson

pb disse...

Oi Edson!
é uma honra ter você por aqui!
Parabéns pelos seus blogs!

De fato eu também já tenho este livro, mas confesso que não tive tempo ainda para começar a lê-lo.
Ultimamente ando muito ocupado com a produção do disco do zeroum e por isso o blog não está andando muito. Mas não pretendo parar, com certeza!
grande abraço!

Unknown disse...

Obrigado, PB.

Pode contar que continuarei falando minhas besteiras pelos tópicos.

Só quis encerrar aquela "conversa" , vc sabe porquê.

Enaldo Soares disse...

Eu voto contra o Michael Jackson. Quem não entender o humor alheio não visite o blog idem. E usar logo o meu favorito Espinoza em prol da arrogância, que lástima!

Além do mais estou do lado do Paulo Beto.

Ele é juizforano, eu também não.
Ele mora em São Paulo, eu também não.
Ele é músico, eu também não.
Ele é casado, eu também não.
Ele gosta de música eletroacústica, eu nem sei o que é isto.

Bernardo Oliveira disse...

Um ano depois, meu deus... PB, parabens pelo blog, saúde e sabedoria a todos.
Abs

 
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